quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Pra que serve o jejum?



2 Sm 12.15-23
15. Depois que Natã foi para casa, o Senhor fez adoecer o filho que a mulher de Urias dera a Davi.
16. E Davi implorou a Deus em favor da criança. Ele jejuou e, entrando em casa, passou a noite deitado no chão.
17. Os oficiais do palácio tentaram fazê-lo levantar-se do chão, mas ele não quis, e recusou comer.
18. Sete dias depois a criança morreu. Os conselheiros de Davi ficaram com medo de dizer-lhe que a criança estava morta, e comentaram: “Enquanto a criança ainda estava viva, falamos com ele, e ele não quis escutar-nos. Como vamos dizer-lhe que a criança morreu? Ele poderá cometer alguma loucura!”
19. Davi, percebendo que seus conselheiros cochichavam entre si, compreendeu que a criança estava morta e perguntou: “A criança morreu?” “Sim, morreu”, responderam eles.
20. Então Davi levantou-se do chão, lavou-se, perfumou-se e trocou de roupa. Depois entrou no santuário do Senhor e o adorou. E, voltando ao palácio, pediu que lhe preparassem uma refeição e comeu.
21. Seus conselheiros lhe perguntaram: “Por que ages assim? Enquanto a criança estava viva, jejuaste e choraste; mas, agora que a criança está morta, te levantas e comes!”
22. Ele respondeu: “Enquanto a criança ainda estava viva, jejuei e chorei. Eu pensava: Quem sabe? Talvez o Senhor tenha misericórdia de mim e deixe a criança viver.
23. Mas agora que ela morreu, por que deveria jejuar? Poderia eu trazê-la de volta à vida? Eu irei até ela, mas ela não voltará para mim”.

Davi cometeu um pecado terrível e um filho nasceu desse ocorrido. A criança morreria como punição do pecado e Davi se arrepende, se coloca diante de Deus em jejum e em oração, implorando pela vida da criança. Apesar disso tudo, a criança falece. Ao descobrir que isso tinha acontecido, Davi levantou-se e seguiu com sua vida normal como rei. Ele esperava que sua posição de humilhação diante de Deus talvez O fizesse mudar de ideia. Como isso não aconteceu, ele lamentou e seguiu com a vida. Isso pode parecer uma reação fria, mas não se esqueça que ele tinha acabado de passar sete dias pedindo a misericórdia de Deus. Quando recebeu o “não” do Senhor, não o questionou mais.
O profeta tinha anunciado que seu filho morreria, mas mesmo assim, Davi insistiu com Deus. Existem relatos na Bíblia de casos onde servos do Senhor conversaram com Ele e fizeram Ele mudar de ideia ou aliviar alguma penalidade. Um dos exemplos mais famosos é Abraão pedindo que Deus salve Sodoma em Gênesis 18.
É curioso ver histórias de homens argumentando com Deus e pedindo sua misericórdia e muitas vezes, o jejum faz parte dessas petições. Em alguns casos vemos até que Deus muda seu plano inicial em favor daqueles que Ele ama.

1- O jejum nos aproxima de Deus
Joel 2.12-15
12. “Agora, porém”, declara o Senhor, “voltem-se para mim de todo o coração, com jejum, lamento e pranto.”
13. Rasguem o coração, e não as vestes. Voltem-se para o Senhor, o seu Deus, pois ele é misericordioso e compassivo, muito paciente e cheio de amor; arrepende-se, e não envia a desgraça.
14. Talvez ele volte atrás, arrependa-se, e ao passar deixe uma bênção. Assim vocês poderão fazer ofertas de cereal e ofertas derramadas para o Senhor, o seu Deus.
15. Toquem a trombeta em Sião, decretem jejum santo, convoquem uma assembléia sagrada.

Aqui vemos um relato direto da parte de Deus dizendo ao seu povo para se arrepender dos caminhos errados. O que está bem no meio disso tudo? O jejum. “Voltem-se para mim de todo o coração, com jejum, lamento e pranto”. O Senhor estabelece o jejum como parte fundamental do arrependimento daquele povo.
Um professor do meu seminário dizia que o jejum era como que um treinamento espiritual. Dizendo não ao alimento, algo que nosso corpo pede e é tão fundamental para nós, estamos nos fortalecendo. É o fortalecimento do domínio próprio. Existem muitas coisas em nossas vidas que não são necessárias e podemos abandona-las para nos aproximarmos do Senhor. O alimento, porém, é fundamental para a nossa existência. Quando abrimos mão daquilo que precisamos, e pior ainda, que gostamos muito, estamos dizendo um grande “não” para nós mesmos, um não para o nossa carne e colocando nossa vontade nas mãos do Senhor. É claro que nosso jejum tem um limite, pois depois disso o corpo começa a se enfraquecer. Mas apesar dessa fraqueza, nós enfraquecemos nossa carne também e nos aproximamos mais do Senhor.
O jejum não muda a Deus, mas muda a nós e nos faz mais próximos do Senhor.

2- O jejum deve ser íntimo entre você e Deus
Mateus 6.16-18
16. “Quando jejuarem, não mostrem uma aparência triste como os hipócritas, pois eles mudam a aparência do rosto a fim de que os outros vejam que eles estão jejuando. Eu lhes digo verdadeiramente que eles já receberam sua plena recompensa.
17. Ao jejuar, arrume o cabelo e lave o rosto,
18. para que não pareça aos outros que você está jejuando, mas apenas a seu Pai, que vê em secreto. E seu Pai, que vê em secreto, o recompensará.

Em vários lugares na Bíblia vemos o jejum sendo associado também a um momento de tristeza. Jônatas ficou sem comer quando se entristeceu com seu pai, o rei Saul (1 Samuel 20.34). Também é associado a humilhação diante de Deus, como por exemplo quando Nínive em peso creu em Deus e decretou um jejum para que o Senhor os aceitasse e os perdoasse (Jonas 3.5).
Apesar disso tudo, Jesus aqui fala que o jejum não deve ser espalhafatoso, não deve ser feito para chamar a atenção. Algumas pessoas que jejuavam queriam chamar a atenção dos outros e assim aparentar espiritualidade. Até essas pessoas interesseiras sabiam que jejum tem a ver com espiritualidade e proximidade de Deus. O Jejum é algo entre você e Deus. Ninguém precisa ficar sabendo e não precisa fazer propaganda. Aqueles que buscam glórias, já terão recebido sua recompensa entre os homens. Os humildes alcançarão a graça divina.

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Para terminar, gostaria de citar o que alguns grandes pregadores disseram sobre o assunto.

“O jejum cristão nasce da fome de Deus”.  “O jejum revela o grau de domínio que o alimento tem sobre nós. O jejum cristão é um teste para conhecermos qual é o desejo que nos controla”. John Piper

·         “Nossas temporadas de oração e jejum no tabernáculo têm sido, na verdade, dias de elevação; nunca a porta do céu esteve mais aberta; nunca os nossos corações estiveram mais próximos da glória.” Charles Haddon Spurgeon

·         “O jejum é um instrumento de mudança, não em Deus, mas em nós. Leva-nos ao quebrantamento e a humilhação e a ter mais gosto pelo pão do céu, do que pelo pão da terra. Jejum não é greve de fome, regime para emagrecer ou ascetismo. Também não é meritório. Ele sempre se concentra em finalidades espirituais.” Hernandes Dias Lopes

Jejum é uma abstinência com uma finalidade espiritual. Começar a jejuar é começar a morrer, é abrir mão daquilo que é essencial à sobrevivência, à subsistência. É uma forma de dizer que em algum momento da vida nós nos deparamos com uma realidade que é mais importante que a nossa própria sobrevivência. Jejum é esse passo em direção aquilo que é mais importante do que o permanecer vivo. Tudo isso precisa ser feito em um anonimato, e não depende de nós, mas de Deus. Nós não conquistamos, nós recebemos dádivas.” Pr. Ed René Kivitz